Coquetel Molotov - Segunda Noite


Com bem menos gente do que no dia anterior, a segunda noite do festival sofreu com o problema do atraso da banda Club 8 na hora de entrar no palco da Sala Cine UFPE, o que acabou gerando um conflito de horários com o show de Catarina (PE) no teatro da UFPE. O público foi obrigado a fazer escolhas. Eu escolhi por Club 8 e não me arrependi.

No inferninho… ops, Sala Cine tocaram mais três bandas: Akin (SP), Pocilga Deluxe (PE) e Zeca Viana e a Onomatopéia Bum (PE). Nada contra a sala, mas com o crescimento do festival acho que seria interessante a produção pensar a possibilidade de que no ano que vem as bandas gratuitas toquem no hall de entrada do teatro, onde se concentra a maior parte das pessoas e o calor apresenta índices suportáveis. Enfim, só entrei na Sala Cine para ver o belo show que o Club 8 fez.

Com voz, violão e uma vocalista que despertou comentários do tipo “gostosa-sa-sa-sa” entre os homens que acompanhavam a apresentação, os suecos soaram muito bem neste formato acústico e fizeram um show que dificilmente as pessoas que acompanharam vão esquecer. Muito parecido com a apresentação das também suecas do Hello Safaride no ano passado no mesmo formato acústico, com a diferença que o público desta vez estava em pé. Um som suave, com uma vocalista extremamente competente - quem esperou e viu o show de Club 8, sequer notou que a primeira apresentação no teatro da UFPE aconteceu simultaneamente.

No friozinho e conforto do teatro, o final de Catarina marcou o início de uma das minhas melhores descobertas feitas em festivais de música independente que já fui. Final Fantasy, projeto solo do violinista do Arcade Fire, Owen Pallet. No show era ele, o violino e uns samplers tirados no teclado, o resultado: uma sonoridade incrível que hipnotizou a maioria das pessoas que estavam no teatro (exceto pelo jardim de infância pernambucano que queria que Mallu começasse logo). Ele se define no release como um “cover de Strokes tocado no violino”, para mim ele é muito mais, seu monólogo com o instrumento impressiona. Vale muito a pena conhecer.

Para a alegria do jardim de infância que lotava o teatro da UFPE, Mallu entrou com seu banjo e uma roupinha branca para começar o seu show. Parecia um tanto envergonhada, não falou nada no microfone e foi logo mandando a primeira música. O público infantil delirava. Impressionante a quantidade de garotos e garotas esbanjando seus 14, 13, 12 anos no show da Mallu. Coisa que a meu ver tem um ponto positivo e negativo. O positivo é que se considerarmos que a última “musa” infantil jovem foi Sandy e que há um abismo de diferença entre a qualidade musical de ambas, chegaremos a conclusão que a próxima geração, ao menos, cantará músicas melhores do que “Imortal”. O ponto negativo é que boy é sem noção. Meu Deus, parecia que Mallu era uma santa, tamanha explosão infanto-juvenil no teatro e a galerinha levantava, ia lá pra frente gritar achando que só eles queriam assistir o show. Apesar disso foi um bom show. Destaque para a fofeza dela ao chamar “dois banquinhos e Marcelo Camelo” para cantar junto. Desta vez não houve chorôrô e ambos repetiram as mesmas duas músicas da noite anterior. Poderiam ter tocado outras. Ainda teve os covers de Jonhny Cash, para mim, muito bem executado (apesar dos gritinhos da cantora).

Peter Bjorn and John era a alegria/esperança/salvação indie da noite. Mallu saiu e levou com ela boa parte do jardim de infância do teatro. O grupo sueco foi a última banda do festival e da invasão sueca. E não fizeram feio. Entraram empolgados, com direito a uma colinha escrita em português que leram para o público e com um show para colocar todo mundo para dançar. Destaque para o hit “Young Folks” (música mais tocana no ITunes europeu no ano passado), momento “tira o pé do chão indie” como o jornalista Tádzio muito bem definiu, sem sequer ter visto o show.

A quinta edição do No Ar Coquetel Molotov o solidificou ainda mais como uma bela opção de festival de música no nordeste. Seja pela sua organização e as bandas escaladas, seja pelo preço. Para se ter uma idéia, o show de Shout Out Lounds e Peter Bjorn and John custará a bagatela de R$ 100 em São Paulo. As duas noites do Coquetel, pagando inteira custa ao todo R$ 60. Vale muito a pena ir para Recife e acompanhar este festival. Ano que vem, estarei lá de novo.

Resenha publicada também em: www.catorzeblog.wordpress.com

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