Posts

Showing posts from May, 2008

O Sistema

O Sistema é o senhor do mundo moderno. Nada na nossa vida funciona sem o Sistema. Ele é quem manda na maioria das situações que o mundo atual nos impõe. Se estivermos no médico e queremos usar o velho e bom cartão do plano de saúde, quem autoriza a consulta (ou não) é o Sistema. Se ele estiver feliz, dá tudo certo, a atendente passa o cartão na máquina, o Sistema gentilmente autoriza e vamos para casa sem maiores problemas. Ele é o responsável por nosso dinheiro, por nossas contas e muitas vezes pela nossa felicidade. Como um bom Deus, o Sistema nem sempre acorda gentil. Ele também tem lá os seus dias chuvosos, que o faz tropeçar e cair, para a tristeza e desespero de nós súditos, ou então recheados de raiva dos seus seguidores, o que o faz premeditadamente cair e nos castigar com a sua ausência. E quando ele cai é um Deus nos acuda. O velho e bom cartão do plano de saúde não passa e ficamos com aquela cara de constrangido em meio ao olhar de uma atendente que, a toda custa, tenta inut

Obrigado por fumar

Image
Quando eu vi pela primeira vez o cartaz do filme “Obrigado por Fumar” imaginei que seria mais um daqueles documentários, a lá Michel Moore, com chatices como o número de fumantes do mundo, quantas pessoas morrem, os impactos sociais e econômicos do cigarro na nossa época ou imagens de pessoas doentes e pulmões acabados por causa do tabaco. Coisa que todo mundo está cansado de saber e que, efetivamente, não faria nenhum fumante parar de usar seu cigarrinho. Aliás, só serviria para o espectador, depois de uma hora, descansar seus olhos enquanto o off interminável da lição de moral ainda continuava. Essa minha idéia sobre o filme durou até a primeira cena. A forma como o eixo narrativo se desenvolve nas linhas de Christopher Buckley (autor do livro que baseou o filme) até chegar a uma crítica à sociedade capitalista moderna em que somos guiados pela propaganda e onde a certeza é baseado em preceitos da ciência, é genial. A narrativa faz-se valer de um personagem que está dentro desse sis

A saga de um estagiário de jornalismo em Natal

O despertador do celular tocou às 6h30min da manhã. Abri os olhos, olhei o celular e constatei, triste e sonolento, que não havia nenhum erro, que ele não tocara mais cedo do que deveria e que realmente eu teria que encerrar por ali o meu sono. Levantei, cambaleante, e segui até o banho para ver se o contato com a água me ajudaria a despertar. Banho tomado era hora de escolher a minha roupa. Ainda com os olhos querendo fechar, escolhi uma calça jeans, um par tênis e uma camisa polo listrada. Era o conjunto mais formal que tinha para ir ao meu primeiro dia de trabalho. Tomei um copo de leite com Nescau, escovei os dentes, passei desodorante, um pouco de creme no cabelo e estava pronto. Me olhei no espelho, fiz cara de quem passava confiabilidade e pensei: "espero não precisar ir para um lugar muito formal". Mesmo com todo aquele conjunto, o cabelo grande, a barba mal feita, os óculos de aro preto e a cara de sono não passavam o mínimo de formalidade. Fui dirigindo num misto de

Desabafo de um palmeirense

Há exatos oito anos atrás, deitado e de olhos fixos na televisão, tive uma das melhores experiências da minha vida. Vi, depois de acompanhar todo o campeonato, conhecer o perfil de todos os jogadores, admirar o técnico e ter um ídolo, o Palmeiras ser campeão da Libertadores da América. Gritei, corri, pulei, ganhei uma camisa nova do time. Não me contive. Pela primeira vez me deliciei no céu do futebol. Tenho lembranças claras da minha reação ao ver meu time campeão brasileiro em 93 e 94. Ou campeão paulista em 96. Campeão da Copa do Brasil em 98. Mas a vitória na libertadores foi saborosa. Foi com raça e sangue. Me deu orgulho de ser palmeirense. Aliás, cresci com orgulho do meu time. A minha 'segunda infância' e consolidação do meu gosto por futebol coincidiu exatamente com uma das melhores épocas que o meu time viveu. Cresci acostumado com um Palmeiras campeão. Com um Palmeiras vencedor. Com um Palmeiras favorito. A entrada da minha adolescência, as "novas' experiênc