Pizzaria de Político

Às vezes me pergunto. Será que os nossos políticos têm algum tipo de ideologia política? A pergunta inicialmente pode parecer tola, mas é que eu não agüento mais ver partido dito socialista se aliar com partidos neoliberais e muito menos ver político que troca de lado da moeda como se trocasse de roupa.

Os leitores provavelmente nunca verão um palmeirense vestindo a camisa do Corinthians e vice-versa. Mas vêem políticos que vestiam a camisa do socialismo numa época e, apenas com a ameaça de sair do poder, trajavam logo a manta neoliberal para se manterem nas mamatas públicas. Isso é intrigante, porque tais ideologias pregam opostos, o neoliberalismo defendendo o Estado mínimo e os ditos socialistas acreditando na forte intervenção estatal como melhor forma de governo. Ou seja, jogam em lados completamente diferentes do campo.

Infelizmente esse fato nos faz constatar apenas a falta de compromisso de certos políticos, ou afiliações políticas, com o povo, a sua história e a sua ideologia. É certo que, no sistema político atual, a garantia da governabilidade se dá com a maioria do legislativo e devido a enorme pluralidade partidária que temos no país, muitas vezes as agremiações políticas têm que se aliar com os adversários a fim de discutir e aprovar projetos para a melhora do Brasil. Mas o que acontece sai desse limite, beira ao ridículo. Políticos que antes criticavam fortemente outros políticos ou partidos trocam de legenda, ou apóiam ex-desafetos, apenas para se eleger e se manter no poder. Não há ética, não há paixão ideológica, há apenas a vontade de estar lá em cima.

Tal
problema, a meu ver, tem duas causas principais. A primeira é o despreparo. Deveria haver para candidatos a qualquer cargo político um curso básico de teoria política, abordando as principais questões de cada ideologia, além de aulas de ética e economia e depois uma prova, como um vestibular. Isso não afetaria em nada a democracia, apenas iria assegurar que o candidato eleito tenha um conhecimento mínimo acerca daquilo que irá fazer e defender. É visível o despreparo político de candidatos a cargos, principalmente, de vereador e deputado estadual. Esses caras irão dirigir municípios, estados e até o país, decidirão sobre o destino da população e não sabem nem o que a sigla partidária defende. É ridículo

A segunda causa é mais profunda, liga-se com a ideologia política individual de cada um. Existem pessoas que nasceram para política, que gostam de política desde pequeno e por causa disso participam desde cedo de grêmios estudantis e movimentos sociais da vida, essas tem uma ideologia política fortemente enraizada. Mas há pessoas que não têm o mínimo interesse nisso e infelizmente acabam se candidatando a cargos políticos por pressão familiar (ocorre muito no nordeste) ou por pura e simples ambição. Tais pessoas, sabendo que com um pouco de carisma, algumas palavras difíceis e certo dinheiro na conta bancária conseguem facilmente vencer uma eleição, o fazem e acabam vencendo sem nenhum compromisso com a população. Resultado: corrupção e falta de fidelidade partidária.

Para resolver isso o Brasil necessita de uma reforma política profunda que garanta a permanência dos bons políticos e que expulse esses sanguessugas do poder. Mas ai entramos num paradoxo importante. Quem aprova os projetos de lei referentes a essa e outras questões é o legislativo, considerando que a maioria dos políticos do nosso Congresso fazem parte dessa estirpe de político, me respondam caros leitores, quando é que vamos conseguir uma reforma política de qualidade? Vocês realmente acreditam que esse vermes irão votar numa medida que os expulsará do poder?

E agora, José? Soluções são duas, ou se acende uma vela e mata galinhas pretas para que essa estirpe seja colocada para fora nas próximas eleições, ou se faz uma constituinte a fim de mudar profundamente apenas esse aspecto da nossa política. Porque se depender dos nossos atuais congressistas, a "Casa do Povo" estará mais para "Pizzaria de Político" do que para qualquer outra coisa.

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