Debate da Band

O debate foi surpreendente.

Talvez nem o mais tucano dos tucanos esperasse ver um Alckmin tão "pimentinha" como viu no debate. Alckmin foi incisivo, direto ao assunto, sem rodeios. Criticou duramente os casos de corrupção, perguntou sobre eles e tentou colocar o atual presidente na parede.

Lula foi pego de surpresa. Veio esperando o Chuchu de sempre. Afinal, se discutissem governo, o tucano levaria um baile. Como não fazia, até então, parte do estilo de Alckmin partir para comentários incisivos e agressivos, como o foi, o presidente fora esperando um debate de idéias, da qual, inegavelmente sairia vencedor.

O "primeiro round" explicitou essa surpresa de Lula e da grande maioria dos telespectadores, quando Alckmin, logo de cara, perguntou sobre a origem do dinheiro da compra do suposto dossiê. Pego de surpresa, Lula não teve nem tempo de cumprimentar os telespectadores e já foi logo dizendo o óbvio. O ônus de descobrir isso pertence a policia federal, não ao presidente. Visivelmente descontente e surpreso com a pergunta, partiu também para a ofensiva, criticando o governo dos tucanos.

Definitivamente foi um fogo aberto, por um momento temi até por confrontos físicos. Lula levou uma ligeira vantagem nisso tudo, soube responder a maioria das questões de Alckmin, deixando a desejar apenas sobre o Aerolula e sobre o caso mensalão, questionado por Franklin Martins. Alckmin, por sua vez, não conseguiu explicar satisfatoriamente as suspeitas de corrupção no seu governo e nem no governo do seu colega FHC. Teve, muitas vezes, que sair à francesa de alguns questionamentos do candidato petista.

Ambos os candidatos chegaram a iniciar uma pequena discussão sobre planos de governos. Desafiado, ingenuamente, por Alckmin para comparar dados, Lula começou a utilizar os dados positivos do seu governo e confronta-los com os dados tucanos. Vendo que ali não era um território seguro, Chuchu (ou Pimentinha 2) voltou, novamente, para os casos de corrupção batendo insitentemente no pobre (?) do Aerolula.

A verdade é que não houveram vencedores. O que houve foram perdedores. Alckmin perdeu uma grande chance de mostrar o tal do "choque de gestão" que fará caso seja eleito e demonstrou, mais uma vez, seu despreparo político e as falhas do seu plano de governo. Não falou onde cortará gastos, fugiu, quando questionado sobre as privatizações. Enrolou-se ao criticar a política externa petista e foi ridículo quando citou a falta de investimento público do exército. O Sapo Barbudo, por sua vez, pecou ao não mostrar serenidade quando pressionado sobre os casos de corrupção. Era visível a "raiva" e o despreparo quando perguntado sobre os casos de corrupção, notoriamente percebia que ele não esperava esse ataque frontal, mas sim uma discussão de idéias. O candidato falhou também quando não tentou puxar o debate para onde era mais forte. Plano de governo. Insistiu em mostrar dados de corrupção tucana, fazendo com que seu adversário jogasse em campo favorável, afinal, as denúncias contra os petistas foram bem melhor divulgadas e apuradas que as tucanas. Quando, finalmente, o debate pareceu começar a andar sobre os rumos das idéias políticas, começou o bloco da pergunta dos jornalistas e o tema corrupção voltou a cena.

A perda maior foi a do telespectador. Quem foi procurando um debate franco de idéias e planos se decepcionou. Aquilo parecia muito mais um programa a lá "Ratinho" e teste de paternidade do que um debate sobre o futuro do nosso país. Lamentável.

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