Eu Sou a Lenda


O texto tem revelações sobre a história do filme

Will Smith é um dos atores mais versáteis do cinema norte-americano contemporâneo. Nascido na Filadélfia, o ator que também é rapper, tem o seu nome anotado na ficha técnica de filmes de comédia, ação, drama, ficção, aventura. Na maior parte deles desempenhando o papel de ator principal, função que ele começou a exercer depois do sucesso na música e do seriado The Fresh Prince of Bel-Air da rede NBC. Fora isso, Smith ainda atuou como dublador na animação O Espanta Tubarões da Dreamworks.

Will é como um jogador de futebol mediano. Faz o feijão com arroz bem e é estável, não erra muitas bolas, mas também não faz jogadas geniais. Sendo que com um diferencial bom: ele tem facilidade em jogar em posições diferentes, ou se adaptar a perfis distintos de personagens. Recentemente ele se destacou no regular À Procura da Felicidade, de Gabriele Muccino. Filme que lhe rendeu uma indicação para o Oscar de melhor ator no ano passado. Segunda indicação de sua carreira.

Eu Sou a Lenda é um filme que procura tirar o máximo da versatilidade do ator. Nele vemos um Will Smith à la Schwarzenegger, caçando veados com um rifle em plena Nova Iorque, ou resgatando seu cachorro da posse de zumbis malignos; ou então o cientista, tentando achar a cura para o vírus que transforma seres humanos em algo parecido com zumbis; tem o Wil dramático, à procura de companhia numa Nova Iorque fantasma, completamente vazia e chorando a morte do seu cachorro Sam. Tem até o Will dublador, numa cena em que o ator dubla uma parte do filme Shrek. E essa versatilidade excessiva do protagonista, pra mim, é um dos pontos fracos do filme.

No longa, estamos em 2012, num mundo onde 90% dos seres humanos morreram e 9% involuiram para um estágio animalesco. Matam à procura de sangue e são fortes e velozes para isso. E apenas 1%, imune ao vírus, são da forma como conhecemos. Aliás, o prelúdio da história não foi muito bem explicado pelo filme, o que se sabe é que um vírus, que deveria curar o câncer, tinha um efeito colateral e transformava as pessoas em zumbis. E o pior, ele é altamente contagioso e sem cura. Por algum motivo, o cientista/atleta Richard Neville (Will Smith) era imune a infecção do vírus e procurava a cura e companhia, afinal todos estavam mortos e, os que não morreram, transformaram-se nessa espécie de zumbi, sensíveis a luz solar e extremamente perigosos.

No entanto ele não é nada do que podemos esperar de alguém que vive a muito tempo sem ver ninguém, morando numa Nova Iorque completamente vazia (com exceção dos veados e dos zumbis) e que, ainda por cima, viu a sua mulher e filha morrerem. O protagonista é forte, dificilmente tem recaídas e é bem humorado. Usa manequins e a simpática cadela Sam para aliviar a solidão e quase sempre o vemos alegre ouvindo incansavelmente Three Little Birds do Bob Marley. Pare e imagine, caro leitor, qualquer ser humano, em uma situação idêntica teria crises de depressão e angústia, usaria drogas, tentaria suicídio, ou mesmo que tivesse a força para tentar resolver aquilo, teria crises pesadas de tristeza e solidão. O que, com exceção de um único momento, mal feito ainda, o personagem tem. Falta humanidade ao protagonista. Tá, ok, o cara é uma lenda, mas é humano, de carne e osso, portanto suscetível a fraquezas e a defeitos.

Mas va lá, o filme é divertido, anima, é bom pra passar o tempo, uma ótima opção para uma sessão da tarde em 2012, por exemplo. A idéia até que é boa, porque se baseia numa risco real que a manipulação genética pode proporcionar e ainda faz umas reflexões legais sobre a existência de Deus. Mas a execução tropeça muito e o final é decepcionante. Não vale muito a pena pagar o ingresso do cinema para vê-lo, a não ser pelos efeitos especiais. Aliás, muito bem trabalhados. Pelo menos aí o filme é nota 10.

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