O Apoteótico segundo dia do MADA

Temporais em Natal. Essa era a previsão do tempo para o dia 4 de maio, o segundo dia do MADA. Não costumo muito acreditar em metereologia, o erro é freqüente. Mas ela havia acertado em cheio a previsão, principalmente na madrugada do dia 4 para o dia 5.

A chuva incessante espantou e fez desistir algumas pessoas que planejavam ir ao segundo dia do MADA. Azar o delas. O segundo dia do maior festival potiguar de música foi apoteótico, sem palavras para definir.

A banda potiguar de rock japonês Pandora no Hako abriu o festival para alguns dos seus fãs mais corajosos que decidiram enfrentar a chuva e as poças de lama, espectadores metidos a jornalistas e para a imprensa em geral. Não gosto do estilo da banda. É um metal melódico cantado em japonês. Não gosto de metal melódico e prefiro muito mais as bandas cantam em português ou fazem um estilo mais regional. De bandas de metal o mundo ja está cheio. Esperei que eles cantassem algum tema de abertura de algum anime conhecido, como eles geralmente fazem, mas nada. Saí do show triste por não ouvir, sequer, o tema dos Cavaleiros do Zoodíaco.

A segunda banda foi a brasiliense Lucy and Pop Sonics. Eletro-rock dançante, música para você ficar observando as indiezinhas/emozinhas rebolando até o chão. É divertido, mas nada engrandecedor. A falta de um baterista dá um ar de artificialidade para a banda. Mas são divertidos, um som pra você ouvir numa festa, dançar e secar as menininhas. O show deles, no MADA, foi legal, daria nota 7,5 poderia ter sido melhor se eles tivessem tocando num lugar mais fechado e com menos público.

Manacá ainda pegou o público parado, frio por causa do clima da cidade. A banda então mostrou personalidade, originalidade e presença. Um show muito bom, com direito a um cover do clássico Cantos de Ossanha de autoria Vinícius de Moraes e Baden Powell. A presença deles conseguiu acender o público e tudo isso aliado a presença de palco da vocalista, intérprete, no sentido literal da palavra, das músicas que tocavam, divertiu o público e foi o aquecimento para o que ainda estava por vir.

Rockassets saciou a sede de rock'n'roll puro do festival. Energia, ritmo, e rock, rock, rock foi o que marcou o show dos sergipanos. Via-se, no público, o famoso passo à la Elvis Presley. E por um momento me senti naquelas festas nos anos 60, dançando rock'n'roll com as menininhas e seus vestidos de bolinha. O show deles foi muito bom também.

A clássica Memória Room veio a seguir. Separados desde 98, ano em que tocaram na primeira edição do MADA, fizeram um show não-muito-lá-essas-coisas. Nada de novo, de emocionante e que tenha alcançado efetivamente o público.

Depois do hiato provocado pela banda potiguar veio Cabaret. A banda carioca reacendeu o público com as suas ótimas canções e a presença de palco do vocalista. Ainda tiveram tempo de emendar uma música com a vocalista do Manacá Letícia Persiles num show de interpretação e qualidade musical, outro grande acerto na programação.

Mellotrons entrou e mostrou para o que vieram. Um show muito bom, apesar de eu não ser lá muito fã do estilo da banda. Não foi algo que me surpreendeu, mas os pernambucanos souberam mostrar muito bem as suas músicas.

Bugs entrou com um público já enlouquecido os esperando. O resultado disso foi mais outro show excelente de uma das melhores bandas das terras potigures. Tocaram as músicas do seu último EP junto com o público e tiveram uma presença de palco muito boa, para uma banda que, antigamente, era tida como fria no palco.

Ao final de Bugs, uma multidão já se acotovelava para esperar a pernambucana Mombojó. Fazia quase dois anos que eles fizeram o último show em Natal. Um homérico e inesquecível show no Festival DoSol, em agosto de 2005. Os pernambucanos, desde então, deixaram uma legião de fãs órfãos nas terras potiguares que, muitas vezes, precisavam ir para Recife para poder presenciar o show de uma das melhores bandas pernambucanas da nova geração. O show não deixou em nada a desejar. Tocaram músicas dos seus dois CDs e a multidão de fãs, outrora órfãos, cantava em junto. Essa energia foi absorvida com tanta força pelo vocalista que Felipe desceu do palco para sentir aquilo tudo que se passava dentre o público. O resultado disso foi comoção geral, arrepios e uma animação sem igual da platéia. Fecharam com chave de ouro, quase como a dois anos atrás, com a música "Deixe-se Acreditar" e o vocalista se entregando nos braços do público. Um show excepcional.

O metereologista acima citado foi feliz na previsão do tempo daquela madrugada, pois foi isso que estava por vir depois da excelente apresentação dos pernambucanos. Fazer um show melhor do que Mombojó seria díficil, uma tarefa quase impossível. Pois bem, quase. A minha conterrânea brasiliense Móveis Colonias de Acaju entrava no palco, sob as minhas indagações para mim mesmo se eles seriam capazes de, ao menos, chegar perto da energia que fora Mombojó. Eu sabia, de antemão que o show deles fora considerado o melhor de 2006 e já tinha ouvido elogios de pessoas as quais eu respeito sobre o show da banda. Paguei pra ver e me emocionei com o que vi. Uma orquestra de instrumentos e pessoas foi instalada e Móveis começou a tocar. Uma apoteose sem igual, a integração entre a banda e público foi perfeita. O grande diferencial da banda candanga era que a presença de palco não ficava a cargo apenas do vocalista e/ou guitarrista da banda. Todos os instrumentistas se movimentavam, corriam pelo palco de acordo com a música que tocavam. Era um espetáculo, um verdadeiro temporal musical que foi absorvido pelo público de tal forma que gerou uma interação forte entre banda e povo. São Pedro então tratou de abençoar da melhor forma possível essa interação e mandou uma chuva grossa que lavou a alma de todos os que tiveram a oportunidade de assistir ao espetáculo que estava em andamento. Móveis Coloniais de Acaju conquistou o público de tal forma que, mesmo com a apresentação da próxima banda e com o palco já sendo desligado, o pessoal ficava ali, emocionado e pedindo mais daquela energia que fora o show. Com toda certeza um dos melhores, se não o melhor, show do MADA de todos os tempos. A saída, de alma lavada, pelo público foi feita de forma lenta, a fim de que se aproveitasse o máximo possível daquela uma hora inesquecível, da roda que fora formada, das músicas que foram tocadas... Um show para se emocionar. Resultado final: Todos os CDs vendidos e uma legião de fãs deixados órfãos na cidade do sol.

Caros leitores, depois da emoção que a banda brasiliense me causou, fiquei incapacitado de pensar alguma coisa para fazer a resenha da cearense Montage, que tocou na tenda do festival. Por isso, infelizmente, nada escreverei sobre ela.

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