A segunda 'bacana' noite do MADA

A segunda noite do MADA foi boa. Apesar de alguns pesares. Como o problema no som e a ‘surpresa da produção’. Lá pelas 23h, apresentador anunciou para o desesperos de muitos. "E para você que gosta de Rappa, depois do último show da noite, o vocalista da banda Falcão estará 'quebrando o barraco' na tenda eletrônica". Confesso que senti arrepios. E, sinceramente, eu não queria pagar para ver o 'barraco quebrando'.

Assim como não paguei para ver os natalenses "The Volta", a primeira banda a tocar na noite. Banda que, segundo o seu relise, depois de um tempo parados estavam the volta. Trocadilho cruel. É um daqueles grupos de pop óbvio, com um vocal digno dos melhores apresentadores de rádio da capital. O som não é bom e sinceramente não entendo ainda porque eles foram convidados. Não são bons e nem público tem na cidade. Não valia a pena.

Outra que não valeu foi Isaac e a Síntese Modular. Fiquei pensando onde a produção estava com a cabeça quando decidiram escalar a banda. Eles começaram o grupo há três meses, podiam esperar pelo menos o pessoal ficar mais calejado para tocar no festival. Tá certo que os músicos da banda já são tiozões na cena musical potiguar. Mas faltou entrosamento e o som não colaborou. A intenção do pessoal (algo como um pop-rock com efeitos psicodélicos) é até interessante. Mas infelizmente não desceu.

Por falar em som, não entendi bem o que aconteceu. Não sei se entre Isaac e a Síntese Modular e os paulistas simpáticos do Curumim houve um apagão. Fato que o som deu pau. Atrasou tudo. E se os paulistas não estivessem de bom humor, teria sido uma merda. Com o som ainda ruim eles começaram a tocar rifs a lá samba-rock e a conversar com a platéia. Até o troço decidir funcionar. Isso chamou o público que dançou muito e se divertiu com o samba-funk-derivados da banda e a simpatia dos músicos. Foi muito bom, o segundo melhor show das bandas independentes da noite tanto pela empolgação, quanto pelos músicos.

Só não conseguiram superar o que foi o show dos gaúchos do Poliéster. Eles tocaram antes de Isaac. É impressionante como o rock gaúcho consegue revelar uma série de bandas muito boas para o cenário musical brasileiro. A minha única tristeza no show deles foi a quantidade de pessoas que havia. Quase ninguém. Isso frustrou um pouco Porsche, o vocalista, que tentava a todo custo fazer os gatos pingados que assistiam a banda se animar um pouco. Não deu certo. A música e a sonoridade são muito boas, uma espécie de rock-pop divertido. Talvez fosse melhor que se apresentassem num palco menor, como no DoSol, para um público mais rocker.

O outro destaque da noite, entre as independentes, foi o pessoal do Lunares. É impressionante como grupo está caminhando rápido e evoluindo a cada show. Eu lembro da primeira apresentação do grupo, na Cientec, acho que em 2006, quando eles ainda só tocavam cover. A evolução em dois anos foi algo surreal e as músicas próprias estão muito boas. Para mim eles já estão entre as melhores bandas potiguares da nova safra. Se continuarem investindo na sua sonoridade e nas apresentações, com toda certeza, o grupo terá um belo futuro musical.

Os baianos do Subaquatico não convenceram. O seu som 'das ruas baianas' é algo meio batido, sem nenhuma novidade. Não foi pior que Isaac e The Volta, mas também não foi bom. O grupo também enfrentou o mesmo problema que a gauchada. Não tinha quase ninguém. Imagino o quanto deve ser chato para uma banda independente tocar só para meia duzia de jornalistas e alguns curiosos.

Autoramas começou muito bem. Fizeram uma entrada sensacional, neguinho enlouqueceu na platéia. Todo aquele afã. Mas depois ficou morno, até esfriar. Foi uma das melhores aberturas que vi. Mas depois, não sei se é porque eu nunca fui lá um fã de Autoramas, o negocio foi ficou chato e eles fecharam o show com mais gente no outro palco esperando Pato Fu do que curtindo o final do show.

Aliás, antes de falar do Pato Fu, algo merece um destaque. A vocalista, Fernanda Takai. Ela é uma espécie de maestro do público e da banda. Com uma presença de palco da bela frontgirl de dar inveja, o show de Pato Fu é um sério candidato para ser um dos melhores da edição de 10 anos do Mada. Divertido, com um set que variou entre os sucessos batidos da banda e algumas músicas um tanto enterradas. E um destaque: “Capetão", foi um show a parte. Tanto na iluminação (primeira vez que vejo isso em Natal) quanto na 'interpretação' da vocalista. Sensacional.

Quando deu o problema com o som, la atrás, antes do Curumim entrar, previ: Lobão tocaria cinco músicas, teria uma birra e abandonaria o palco, como sempre faz quando o som não esta bom. Mas parece que o apresentador da MTV estava de bom humor na segunda noite do MADA. O show dele foi legal, apesar de eu não conseguir gostar das músicas de Lobão. Ah, destaque para a entrada: fizeram um efeito com a música do lobo mal. Muito legal.

Na tenda, quem mandou muito bem foi o pessoal do Coletivo Lo Que Sea. Com um set divertido de indie rock, fizeram negada rebolar até o chão no espaço. No geral, melhor do que as festas promovidas pelo Coletivo. Outro destaque, que ainda não sei se é positivo ou negativo, foi a famigerada Madame Mim. Não a vi na tenda. Apenas ouvi as histórias, um tanto quanto estranhas. As más línguas andam dizendo que ela mostrou a bunda para a platéia. Enfim, sorte que eu estava no palco e não vi essa cena bizarra.

Não fiquei para ver Falcão quebrar o barraco na tenda. Não quis nem imaginar. Não bastasse o Rappa na quinta-feira. Só falta agora o pessoal se mudar para Natal e fazer show todo final de semana. Não, não, isola, melhor nem pensar. Enfim, o saldo final da segunda noite foi bom. Melhor que a primeira, apesar do pequeno público. Aliás, o público este ano do festival foi fraco. Acho que isso também é reflexo do caráter das headliners, a única que realmente da povão é o Rappa. O que, para quem gosta de música, é muito bom. Mas ruim para o investimento feito pela produção e para as bandas independentes, em que muitas tocam para quase ninguém.

E que venha o sábado.

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