Sexo, drogas e rock'n'roll

Antes de assistir Nove Canções, eu realmente acreditava que o filme se resumia a isso. Com cenas intercaladas dos protagonistas assistindo a shows de rock, fudendo (ou poupando, como diria minha namorada) e usando cocaína, dá para acreditar que o filme é apenas sexo, drogas e rock’n’roll. Uma outra definição que encontrei para o longa é que ele era um "pornozão indie", um filme pornô que usa uma estética alternativa para o sexo. Minhas impressões passaram longe destas. Nove Canções é um filme de amor, diria um tanto ousado, mas sim, um filme de amor. A falta de diálogos talvez prejudique essa sensação em algumas pessoas, mas o jeito com que o filme é dirigido e com que os atores se interagem faz notar que há algo mais do que o sexo explícito naquilo tudo. Por incrível que pareça, o filme não é baixo. Não existe vulgaridade no modo de tratar o sexo, mas sim normalidade. Talvez isso tenha assustado muita gente, porque para a nossa cultura o sexo é feio e imoral. Nove Canções é ousado também na idéia. É uma destruição dos arquétipos sociais do mocinho e da princesa. Não há bonzinhos no filme, como não existe na realidade, mas sim personagens sinceros e reais que com certeza habitam em algum lugar do globo. Essa forma crua como é tratado o relacionamento deixa o filme interessante. Nove Canções é voyeurismo puro em algumas partes e verdadeiras cenas de amor em outras. É um filme sensível, artístico e bom. Só peca, para mim, na ausência de diálogos.


Ficha Técnica

Elenco:
Kieran O'Brien Margot Stilley
Huw Bunford Cian Ciaran
The Dandy Warhols Elbow
Franz Ferdinand Bob Hardy
Alex Kapranos Mani
Nick McCarthy Michael Nyman
Guto Pryce Gruff Rhys
Courtney Taylor-Taylor Robert Young

Direção: Michael Winterbottom

Produção:
Andrew Eaton
Michael Winterbottom

Fotografia: Marcel Zyskind

Trilha Sonora: Bob Hardy
Alex Kapranos
Nick McCarthy

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