Tropa de Elite


Eu prometi a mim mesmo que não baixaria e nem compraria a versão pirata Tropa de Elite. Prometi... Não resisti as tentações e baixei o mais novo trabalho do diretor carioca José Padilha. O filme conta a história de um capitão (Wagner Moura) da BOPE-RJ que, em função do nascimento do seu filho, desejava sair do batalhão e da guerra do tráfico. Mas, para poder cumprir o seu desejo, ele precisava encontrar um substituto digno de confiança, com as virtudes do bom policial, para ser o capitão da considerada melhor polícia de batalha urbana do mundo.

O filme é forte e carrega as melhores características do cinema brasileiro. O drama, a crueza da filmagem e a fotografia que, diferente dos filmes norte-americanos, não usa da palheta de cores para dar um ar específico para o filme. É cru, real. A todo o momento, o telespectador tem essa sensação de realidade. As atuações estão para lá de consistentes, Wagner Moura, com toda a certeza, fez a melhor atuação da sua vida no filme. Me surpreendeu.

Os personagens fogem da linha teatral característica de muitos filmes brasileiros e também passam longe dos estereótipos do Cinema. Não há um mocinho como nos filmes norte-americanos, nem um anti-herói característico do nosso cinema, mas personagens reais, com suas fraquezas e as suas forças, suas qualidades e seus defeitos. A direção do filme procura sempre se aproximar o máximo possível da realidade da Policia Militar brasileira e da guerra urbana que existe no Rio de Janeiro e de todos os seus segmentos. A caracterização do sistema feita pelo protagonista, não poderia ser menos real. Se a história não fosse fictícia, certamente o filme seria um documentário.

O filme empolga, a história prende e emociona o telespectador e o autor ganha méritos porque foi o primeiro a mostrar o lado do policial na guerra do Rio de Janeiro. Mostra a dificuldade de ser um policial honesto, ganhando uma mixaria por mês e sem saber se volta vivo ou não para casa e mostra a ação e o treinamento da melhor polícia de combate urbano do mundo e o seu modo de ação característico de uma guerra que tem começo, meio e fim na corrupção entranhada na política brasileira. O filme traz reflexões sobre o sistema com frases fortes e marcantes que tocam o espectador a todo o tempo

É mais uma obra prima de José Padilha que ousou mostrar o outro lado, depois do também excelente documentário Ônibus 174 em que o cineasta mostra como e porquê tanta gente acaba entrando para a criminalidade no Rio de Janeiro. É uma obra que tem que servir de exemplo aos governantes para mudar a situação dos policiais, dando mais preparo, melhorando as suas condições e principalmente aumentando a sua remuneração.

Com toda a certeza o melhor filme brasileiro do ano. E eu? Abrirei uma exceção (geralmente não vejo um filme mais de uma vez) e irei vê-lo de novo no cinema.

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